Rancor. Um sentimento tão ruim e mal visto embora inconsciente e incontrolavelmente o mais sincero de todos.
Eram dois pares de olhos saltitantes e exorbitados à sua frente - acusadores e ainda assim piedosos. Indignos. Ao seu lado esquerdo olhos justos e quase acolhedores. Olhos dispostos a julgar e consolar. Dignos. A seu lado direito a mais nobre presença do nada e do ninguém. (In)digníssimos.
E sabe o que a ira causa nas pessoas? Fúria momentânea, cegueira temporária, ações impensadas, uma grande chance de arependimento tardios e perdas materiais - que a ficção representa mui dignamente por vasos, pratos, copos e taças, pois a quebra do vidro é muito sugestiva, tal qual os cacos da porcelana.
Mas o barulho estridente da queda e o mesmo de um chacoalhão acompanhado de um "cai na real" - é que a sobriedade dói, e dói como o quebrar do vidro e grita como a estridente porcelana ou vice-e-versa. É a digníssima realidade.