Se quer conhecer pessoas estranhas, só entre em um ônibus e olhe ao redor. Cada curva, cada vez que o semáforo enrubrece ou esverdea, sempre surge uma coisa nova, uma pessoa nova, um rosto novo, um olhar novo, um novo ponto de vista. No começo parece tudo a mesma coisa: padaria, borracharia, farmácia, petshop, igreja, lanchonete, bar, prédio, padaria, farmácia, borracharia, dentista...
Mas então achei a diferença: humanidade.
Se você olhar superficialmente, você só acha material, o físico, tudo tão vazio, sem alma. Mas olhando profundamente, encontra-se a substância, a essência, a vida. E essa diferença é a humanidade. Não pensando na humanidade como um substantivo, mas como algo abstrato, adjetivos. A ternura, a verdade, a realidade.
É o garoto que agora mostra algo no celular para seus amigos, o que pode ser uma foto de uma garota sexy ou uma foto de sua esposa e filhos ou mesmo uma paisagem qualquer... O velho que segura a mão de seu neto e mostra uma pipa voando alto no céu ou seria apenas outro meio de conhecer a direção do vento? Ou estaria narrando uma mágica história de como realmente é o céu. Também há uma mulher com todas as suas cinco crianças. Talvez a quinta não seja a dela, mas a criança de uma de suas crianças. Mas o simpático amigável motorista de sorriso estridente alerta a garotinha para ir se sentar no lugar mais legal do ônibus. Legal é uma palavra tanto quanto patética, mas é precisamente a palavra que descrevia o que passava dentro da cabeça da menininha cujo os olhos eram pra lá de brilhantes e agitados.
São muitas situações paralelas, mas não há como negar que tudo está interligado. Tudo, todos, pessoas, gente. Palavras que empobrecem os textos de um modo geral, mas enriquecem o diagnóstico que aqui segue. Cada terno detalhe, cada ação nobre, ou nem tão nobre assim, lembra como o mundo é um mundo tão lúdico, mágico - divino, talvez fosse a palavra ideal. Real.
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No tumblr (onde escrevo em inglês) as adjetivações ficam mais bonitas.