Para certas ragazzas, a data mais esperada de toda uma vida - até então. Para mim, um dia qualquer em que as pessoas me paparicariam fora da normalidade. Acordei três minutos antes do relógio despertar, mas por capricho fechei os olhos e aguardei Indie-se embalar meu dia.
Tateando o guarda-roupa, puxando as coisas semi-preparadas. Teria que fazer a hw, mas optei por um banho quente de vinte minutos ou mais. Hoje tenho quinze anos. O dia começara mais cedo. À zero hora o primeiro telefonema, o primeiro sms, o primeiro scrap e a primeira mensagem instantânea.
Aniversário. Significa o quê? Sobrevivi. Cheiro de café. Pela fresta da janela um céu azul. A toalha que mais é um turbante poupa meus ouvidos das gotas. Gotas? Chuva. O céu é azul. Eu merecia um presente desses: sol e chuva e um arco-íris todo meu.
Um compromisso, um abraço e felicitações sinceras. Um cumprimento saudoso e formal, mas um abraço carinhoso e nobre.
Como se não bastasse tudo isso, a campainha. Inesperado. Dez da manhã. Minha vista totalmente aberta para a rua não me deixa gerar expectativas. Lembram-se de surpresas de maio, algumas incertezas de junho? Flores. Flores! Rosas. Rosas rosas, rosas amarelas, rosas brancas, rosas liláses(?), rosas vermelhas. As carreguei com certa insegurança, não sei. Ao ler o cartão as lágrimas escorriam como as gotas d'água que se condensavam nas pétalas rosáceas, delicadas demais, me sentia um monstro.
Presentes? Um saldo mais distante de negativo, chocolate e flores. Telefonemas amigos, mensagens saudosas, palavras memoráveis. Há quem fala por educação e sem a mínima intenção. Há quem economiza nas palavras mas capricha no sentimentalisto. Há quem não economiza nas palavras e nem no sentimentalismo. ~ FELIZ 2009 BESHINHA ~ Há quem esqueceu, quem desapontou. E há quem não deixou um recado, um aviso, mas que eu sei que não esqueceu. E que a essa hora deve estar pensando em mim - ou é o que eu quero acreditar.
Queria dissertar mais sobre as flores, mais sobre esse dia, mais sobre tudo, mas basta. Passei um dia de sorrisos e confortos, saudades afogadas e piadas retiradas do baú. Sem bexigas coloridas dessa vez. Sem velas. Estou me livrando de pequenos detalhes, pequenos mimos.
Amanhã terei quinze anos e um dia. Estou pensando em comemorar. Quem comemorará comigo? O que fará esse dia especial? As flores murcharão gradativamente...