Segunda-feira, 28 de Junho de 2010

... do país das maravilhas V

Alice, de longe era apenas um ponto rosa que sacudia as mãozinhas para chamar minha atenção.

Retribui com um sorriso sarcástico, afinal não é ali que gostaria de estar. Não naquele momento. Estava tanto quanto insegura sobre o que pensar. Mas isso não vem ao caso.

Nesse lugar há sempre mensagens, uma moral, um conselho - que seja - algo que sempre parece estar diretamente direcionado a você. O você pode não ser necessariamente você, poderia ser eu, uma boa samaritana, um alguém qualquer, Alice, qualquer "você" que esteja buscando uma palavra de conforto, algo a que possa se apegar. Uma teoria que possa se aplicar na prática.

Nos primeiros minutos eu já havia desistido de me apegar alguma coisa. Na verdade estava um tanto quanto rancorosa. Não era a mensagem que eu procurava. Uma mensagem oportunista demais para meu gosto, isso até o momento em que tudo parecia estar se voltando contra mim - não, não uma conspiração nem egocentrismo; destino mesmo, coincidência.

"O que Ele quis dizer com isso é que quem não ama, meus irmãos, quem não ama intensamente, não vive! Viva! Se arrisque!" - não, não pode ser. A frase que ouvi de metade das pessoas que conheço, se repetindo como eco numa infinita cordilheira montanhosa, todas as montanhas ouviram. - "Se arrisque no amor Dele e será recompensado."

Of course, aquela mensagem instantaneamente foi para mim. Um pequeno instante. A quantos "vocês" aquelas palavras ecoaram?

Alice saiu correndo, sem comparações ou adjetivações dessa vez pois nem se quer a vi desaparecer.

Não sei se esses fatos se tornarão coisas cotidianas ou se permanecerão como meras lembranças. Alice pode desaparecer em breve, mas acho que desaparecerei dela antes que ela desapareça de mim.

E até na tv, eu me encontrei no país das maravilhas, I'll goodbye. (♫)


por Dani Takase às 01:18
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Domingo, 27 de Junho de 2010

... para Ártemis

 

Para que não pareça uma obsessão ou que sirva de consolo, sempre foi meu vício, meu espelho, meu ideal. Serena, opaca, fria.

Lembrei de tempos em que quando me sentia sozinha me sentava na janela, uma noite inteira se fosse preciso, e era ela minha companhia. Não que ela me ouça, me responda, me convença. Só me observa, me consola, me acalma. A ênfase no "me" revela demais meu lado egocêntrico e patético.

Mas no céu era tudo brando e extremamente escuro, exceto pela parte que a cabe, uma pequena parte, geométrica, circular. Discreta demais para fazer um estardalhaço, mas o suficiente pra ilumino-azular as paredes brancas de um quarto de janela aberta com uma adolescente de camisa xadrez e unhas verdes pendurada sobre ela.

Dependurada sobre a janela, sobre o quarto, sobre a camiza xadrez ou sobre a lua? Ainda não se sabe. Ainda não. Not yet.

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por Dani Takase às 01:24
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Sexta-feira, 25 de Junho de 2010

... de Artemis.

Ela observava, lá de cima, longínqua e indagadora. Não havia raio nem diâmetro, ainda não era o círculo perfeito, não era a geometria exata, mas era a forma precisa para aquele momento.
Não importa o que digam, ela não será redonda porque alguém disse, imperfeita porque alguém a julgou assim, ela simplismente é.
E o que ela aparenta ser era o mais indagante.
Sobre um todo azul, às vezes esfumaçadamente coberta por um rosa-alaranjado, aquela forma quase-circular cintilava. Nem seus mares são contornos perfeitos. De longe são só manchas.
Acinzentada, avermelhada, azulada, amarelada, depende do dia - da noite. Ela só brilhava. Assim como os olhos de quem assistia. Dois pares, mais precisamente. Um par. Uma matemática infindável.
Que o olhar mostrasse mais que o gesto, que o gesto falasse mais que a palavra, que a palavra que não fosse dita - que subentendida, inconsequente, inexistente - subsistia, inconsciente.

aos ouvidos: When the day met the night - PATD
no momento: all was golden in the sky.

por Dani Takase às 02:36
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Domingo, 20 de Junho de 2010

... de desfechos impensados.

 

Ônibus hoje? Todo dia uma nova aventura.

Hoje o louco não era o passageiro que embarcaria dois pontos depois, nem mesmo o tuberculoso e apocalipsicótico que sentaria no banco de TRÁS e que TRAZ uma música que diz que Ele retornará. Não, o insano era o motorista. Vai entender. Ultrapassar o sinal que enrubrece e quase atropelar um casal pomposo é coisa que acontece todo dia - não. Talvez ele não estivesse num bom dia. Às vezes era só um dia ruim, para variar. Uma rotina onde pseudópodos agarram você com seus braços fortes de condinome estresse.

Tem dias que pipoca está no dia de todo mundo. Hoje nem o café, nem o misto quente, nem a pipoca, nem o chocolate fizeram efeito. Estava calor. Calor e números não são uma combinação que se encaixe.

Por falar em calor, mais surpresas. Surpresas de junho.

O céu estava magicamente indecifrável. Todos os dias. Todas as tardes. Todas as noites. Como sempre. Mas nem tudo estava como sempre. Cochichos só antecipavam o que já pressentia. A wish, literaly. Essas coisas preciso falar em inglês. Era só o cenário perfeito, mas os personagens, o enredo, o diálogo, acho que tudo estava no script. Só o desfecho que estava amplamente sujeito a mudanças. Na verdade o desfecho precisava de algo. Esse algo foi silêncio. Não preciso que entendam. E isso não precisa de um desfecho. Não agora. Só preciso de uma profunda, profunda reflexão.

Quero um banho, de chuva. De chuva.

aos ouvidos: Have you ever seen the rain - CCR
no momento: coming down on a sunny day.

por Dani Takase às 01:23
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Terça-feira, 15 de Junho de 2010

... de verdes, amarelos, azuis e brancos.

 

 

 

Quanta agitação, que mistura de cores, cores que simplesmente não coincidem, não tem combinação alguma. Não se contrastam, nem se opõe. Simplismente cores. Sutilmente dizendo: uma combinação viva demais.

São apenas borrões gritantes, por todo lugar. Um nome bem estranho, mas não deixa de ser verde e amarelo. As vuvuzelas. Estridentes comemoram alguma coisa. Rojões comemoram alguma coisa. Buzinas comemoram alguma coisa. Não, esta sirene não comemora nada.

Palpites. Números demais. E tudo isso para quê afinal? Que é que está acontecendo?

Paixão nacional? Você não conhece? Nunca ouviu falar?

É verde, é amarelo, é azul, é branco.

Um objeto redondo, uma meta, regras e um objetivo. Uma paixão nacional. Correção: uma paixão mundial! Universal, quem sabe. É a energia, é a festa, é a emoção, é a raça, é a força, é a honra, é a decepção, é a glória! A vitória!

Aqui é tudo assim: verde, amarelo, azul e branco. Tudo. Tudo. A cidade se pinta dessas cores. O país inteiro veste uma enorme bandeira, como se fosse qualquer coisa. É besteira. Não, não é.

É futebol.

aos ouvidos: When I get older I'll be stronger. ♫

por Dani Takase às 21:33
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Olhei em seus olhos e vi: humanidade.

Se quer conhecer pessoas estranhas, só entre em um ônibus e olhe ao redor. Cada curva, cada vez que o semáforo enrubrece ou esverdea, sempre surge uma coisa nova, uma pessoa nova, um rosto novo, um olhar novo, um novo ponto de vista. No começo parece tudo a mesma coisa: padaria, borracharia, farmácia, petshop, igreja, lanchonete, bar, prédio, padaria, farmácia, borracharia, dentista...
Mas então achei a diferença: humanidade.
Se você olhar superficialmente, você só acha material, o físico, tudo tão vazio, sem alma. Mas olhando profundamente, encontra-se a substância, a essência, a vida. E essa diferença é a humanidade. Não pensando na humanidade como um substantivo, mas como algo abstrato, adjetivos. A ternura, a verdade, a realidade.
É o garoto que agora mostra algo no celular para seus amigos, o que pode ser uma foto de uma garota sexy ou uma foto de sua esposa e filhos ou mesmo uma paisagem qualquer... O velho que segura a mão de seu neto e mostra uma pipa voando alto no céu ou seria apenas outro meio de conhecer a direção do vento? Ou estaria narrando uma mágica história de como realmente é o céu. Também há uma mulher com todas as suas cinco crianças. Talvez a quinta não seja a dela, mas a criança de uma de suas crianças. Mas o simpático amigável motorista de sorriso estridente alerta a garotinha para ir se sentar no lugar mais legal do ônibus. Legal é uma palavra tanto quanto patética, mas é precisamente a palavra que descrevia o que passava dentro da cabeça da menininha cujo os olhos eram pra lá de brilhantes e agitados.
São muitas situações paralelas, mas não há como negar que tudo está interligado. Tudo, todos, pessoas, gente. Palavras que empobrecem os textos de um modo geral, mas enriquecem o diagnóstico que aqui segue. Cada terno detalhe, cada ação nobre, ou nem tão nobre assim, lembra como o mundo é um mundo tão lúdico, mágico - divino, talvez fosse a palavra ideal. Real.

 

-

No tumblr (onde escrevo em inglês) as adjetivações ficam mais bonitas.


por Dani Takase às 17:30
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Quarta-feira, 9 de Junho de 2010

... de manchetes.

 

Era uma semana de extremo silêncio entre nós. Mas ele foi o primeiro a vir, literalmente me dar a notícia. Já ela, eu somente fingi que não vi as lágrimas - que ela escondeu - cairem na folha com cheiro de recém saída do forno. Eu mesma, sinceramente, ainda não sei o que pensar. São só minhas palavras que fugiram do lugar.


por Dani Takase às 01:31
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Domingo, 6 de Junho de 2010

... listras.

Quando eu crescer... Eu quero ser como você, papai! Um herói.

 

Estrela cadente! Hora de fazer um pedido. Eu gostaria que a próxima estrela caísse longe daqui. Todo esse barulho e gritos assustadores me dão medo.

 

Crianças geralmente tem muitas dúvidas: o que é isso? Quem é? Onde está? Como? Por quê?

 

Hora do banho, garoto. (15 minutos depois) - Chuveiro!!! (milhares de segundos depois)

 

Há muitas diferenças numa amizade, obstáculos... Discussões... Mas é exatamente quando descobrimos que cada diferença, cada obstáculo, não é nada comparado a isso.

 

Comics baseadas no filme O Menino do Pijama Listrado.


por Dani Takase às 18:39
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Sábado, 5 de Junho de 2010

... às vesperas.

Essa época junina nunca me traz lembranças lá muito boas.

O problema é dia 12? Não. Sempre indiferente, e não há motivos para não ser. Um dia como outro qualquer. A não ser pela diferença capciosa que atinge o coração de todos ao redor.

Quando se é criança, é dia de trocar balas de morango e dar as mãos para alguém. Na adolescência supostamente é o dia em que não se pode estar sozinha - ou você está acompanhado (com presente), ou deprimido/depressivo (e sem presente). Não necessariamente acompanhado você é feliz, mas esse não é o ponto. E os adultos? No dia dos namorados? Não, não sei. Acho que tendem a ser mais carinhosos ou indiferentes. Um dia saberei.

A carência das pessoas aumenta nessa época. Isso é deprimente, às vezes. Mas uma palavra que vêm a minha cabeça juntamente com a palavra carência é "patológica". Acho que é a mania das pessoas de associar essas palavras em seus textos e eu fico com isso em mente.

Mas, enfim, a questão é: o que estarei eu fazendo no dia 12?

No meu planejamento, estarei vendendo flores. Flores que não vou ganhar. Vender flores para pessoas e imaginar histórias. Talvez ouvir histórias. Nunca se sabe.

Se eu fugir do meu planejamento, não sei onde me encontrarei nesse dia. Talvez enrolada em números e códigos que levem a Platão e o mito da caverna. Não, não tem nada a ver com Gaarder dessa vez. It's all about os dias mais importantes da minha vida, que venho contando desde faz algum tempo, mas não aqui. Em outro lugar abandonado. Lugar este abandonado que eu recorri para a surpresa de domingo.

Surpresa. Não houve surpresa em maio. Surpresa alguma. Mas se eu soubesse que as surpresas viriam todas à tona em junho. Ah, se eu soubesse.

Agora tenho que ir, Vargas me observa. Politicamente falando, viva a democracia! Ou não, pois ela me colocou nessa enrascada. Palavras pessoais demais por hoje. Já chega.

Câmbio, desligo.

no momento: with a tigh grip on reality.

por Dani Takase às 03:40
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Quinta-feira, 3 de Junho de 2010

... de disagreements.

Ela era só uma mancha azul e pontos verdes nos reflexos de qualquer lugar. Decidiu desafiar a si mesma, se privando de ouvir qualquer conversa paralela e por alguns instantes viver num mundo só dela. Um mundo somente seu, através do espelho. Quando essas palavras eram originalmente dela, soavam estranho. "Do outro lado do espelho existia um mundo". Talvez seja uma coisa que esteja no inconsciente de todo mundo, ou fôra somente outra coincidência entre ela e o filósofo. Assim como a verdade nua e crua. Ou talvez assim como Sofia ela estivesse vivendo num mundo na mente do filósofo. Tudo tão intensamente real... Talvez fosse a hora de colecionar algo diferente.

Curingas à parte, não é sobre isso que se tratam essas palavras. É sobre uma conversa que a perturbava e não a deixou concentrar-se no enigma dos espelhos.

"Você pensa como eu...", depois de uma troca de segredos. Ela esperava algo assim. Ela temia algo assim. Na verdade, já havia calculado todas as possibilidades.

Quando o lápis caiu e foi girando lentamente, como se zombando da cara dela, para a frente do ônibus. Ela não queria se levantar. Era mais fácil esperar ele voltar, do mesmo jeito que havia ido. Mas ela foi atrás assim mesmo. Afinal, com que se compararia o lápis, a queda, a ida, a volta?

"Discorde!", algo gritava dentro dela. "É...", foi a única coisa que expressou. Mas o que supor que ele quisesse ouvir? Ele queria que ela negasse? Havia ele colocado tanta expectativa naquela conversa quanto ela? "Nem sempre", arrependeu-se.

Antes era tudo bem separado: café, leite. Depois que o conheceu, não foi a mesma coisa. Já vos disse isso. "Sabe separar as coisas". É. Suponho que ninguém entenda. Mas é...

Não foi confortante, creio que para ambos os lados, ouvir aquilo. Mas houveram outras propostas. Surpreendentemente. Ela ainda calcula as possibilidades. Mas com sua calculadora quebrada, apela para as palavras. Afinal, matemática não é necessariamente tudo. E a expectativa agora é de que a matemática, as possibilidades, as palavras, tragam-na uma surpresa. Esqueça a expectativa.

Ninguém mais a observava. Hora de sair de seu mundiinho.

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por Dani Takase às 01:06
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