Mais uma noite de uma lua límpida estampada num céu fosco. Mais uma noite em que pensava que a lua estava a sua espera, vigiava-a de longe. Grades na janela e a luz pintava no chão do quarto um azulado e distorcido losango gradeado. Ironia ou não, um pássaro observava a lua livremente. Ironia ou não, o pássaro observava-a como se ela fosse o pássaro preso na gaiola. Ironia ou não o pássaro sobrevoou a lua e levou-a consigo. Suas asas a sustentaram, sabe-se lá até o infinito. Ser livre das grades dependia de livrar-se da lua. Partiu o pássaro, sumiu a lua, caiu a grade.
And then love, love will tear us apart again.
O Início.
Voava. Voava rápido sem sequer sentir o vento, afinal o vento o era. E como vento soprou em todos as direções. Cessou de flutuar e caiu, caiu naturalmente como pedra que cai. Cai e chega enfim ao chão. E acordou. Acordou e sonhara.
Logo que acordou, sentiu-se incompleto. Sentiu-se em parte vazio, em parte cheio demais.
O Meio.
Como se lhe faltasse algum componente; fosse terra, fogo, água ou ar. A terra já era pó, o fogo já queimava, a água já secava e o ar já lhe faltava. E quase morto sentiu-se vivo, mui vivo, intensamente.
Da mais fúnebre escuridão é que a menor faísca torna-se raio de luz. E é em meio da mais ardorosa luz é que uma sombra pode vir a tomar forma. Antíteses que coexistem; sozinhas, subsistem. Dependências irônicas. Palavras vazias de nada valem. E o tudo. E o nada. A parte pelo todo, essa independe. Compreende? Talvez você não entenda.
Gramaticalmente a conjugação do verbo ser, para que faça sentido, pede por um complemento. A gramática exalando a complexidade do ser. A gramática conspirando com a essência do eu. Eu sou.
E o Fim.
Viver de perguntas é viver tentando o saber. Respostas sacrificam a entonação e o ponto de interrogação. E a fé questiona respondendo; responde questionando. Mas não deixa espaço para dúvida. Irracional. Mas entre dúvida e certeza: eu sou.
Eu fui.
Eu vou.
E dormiu... sonhou...
Clouds are marching along,/ singing a song, just like they do./ If the clouds were singing a song,/ I'd sing along, wouldn't you too?
(...) I know it's sad that I never gave a damn about the weather/ and it never gave a damn about me./No, it never gave a damn about me.
I know it's mad but if I go to hell would you come with me or just leave me? I know it's mad but if the world were ending would you kiss me or just leave me? Just leave me...
I know it's sad that I never gave a damn about the weather/ and it never gave a damn about me.
E as nuvens estão marchando... Sabe o que estou vendo?