Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2011

... de plenilúnio.

E diziam-se lunáticos. Lunáticos, os loucos que mudavam conforme a lua. Mas quem, por uma desumanidade tamanha, não se deixa mudar pela lua?

E quem não mudaria com ela?

E quem não mudaria para ela?

E quem não mudaria por ela?

E loucos foram os que sonharam debaixo de sua luz azulada e fosca. E loucos foram os que desfizeram-se debaixo da chuva enquanto a lua se escondia. E loucos foram o que deixaram de enlouquecer enquanto ela minguava.


por Dani Takase às 01:57
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Sábado, 19 de Fevereiro de 2011

"A Serenata"

Pela fresta da janela via-se um buquê de rosas vermelhas. No segundo andar, sob um improvável telhado pontiagudo, sobre o parapeito da janela, suspirava. Sob cortinas pesadamente fechadas imperava um intrínseco silêncio.

O que cada vidraça escondia eram segredos intermúndios: ora opacos, ora translúcidos. E para todos os que contemplam de fora o espetáculo, representam-se os atos e enfim baixam-se as cortinas.

Emoldura-se a dama que se enfeita e lança olhares furtivos sobre a rua que segue paralela à sua vista e recaem sobre o  jardim.

Lá fora, irradiam os primeiros vislumbres da manhã. Dentro, desprendem-se as cobertas. A luz que se deixa entrar, pinta o chão em quatro retas uma forma incandescente, que míngua e míngua e já à tardinha jaz.

E então banha-se o quarto num rubro crepuscular, tingem as paredes, que de brancas, enrubescem, arroxeiam-se e somem.

É quando apaga-se o sol, piscam as lâmpadas, os olhos e as janelas, que se fecham, todas.

Porém em especial, para uma, nasce a lua. Incandesce, agora azulada, tal forma, disforme à uma sombra. E a dama que pende à janela e seu sorriso que incandesce com a lua.

A música escala devagar até o segundo andar de um casebre de telhado pontiagudo. A voz rouca se aquece à calada da noite. E enquanto todas as janelas ainda dormem, a porta se abre e a última janela se fecha. E ao silencioso despertar do dia, amanhece o sol. As frestas da janela revelam um buquê de rosas. Despedem-se os cobertores. Invade, transluz e incandesce. E as vidraças respiram, abertas.


por Dani Takase às 01:35
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Domingo, 6 de Fevereiro de 2011

Tons de Sépia

Desbotam-se os rostos,

Desbota-se a cena,

Desbota-se uma lembrança.

Memórias que não são minhas[não me pertencem]*, desbotam.

Desbota-se um quando,

Desbota-se um onde.

Rasuras e dobras que não são minhas,

Desbotam-se.

E o papel foto que imprimiu a vida desbota.

E a vida que agora é vivida desbota.

E a vida de cores vivas desbota.

E então, tudo é[se torna]* tom de sépia.

 

[*notas de quem nunca se contentou em ser poeta]

[original numa segunda-feira, 10 de janeiro de 2011, 4h55; madrugada que desbotava]

[localização do original: perdido no verso de uma foto antiga, no meio de uma edição desbotada de Memórias de Adriano, Marguerite Yourcenar]

em tags:

por Dani Takase às 00:56
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