um adeussó é mesmo adeusquando não ditoquando desditoquando, feito silêncio,inexistenteé permanente
um adeus nesse abismal silêncio.
ii
(de farsante para farsante, cada uma na sua arte)
lábios contradiziam-se
no interior que quase sem cor
desabrochava em fortes contornos
um avolumar voluptuoso
à forma da boca semiaberta
ou semicerrada?
e um desbotar acetinado
de pétala em brasa
um ardor doce
[− uma doçura vermelha, menina.]
iii
engasgue!
com todo o amor que tinha para dar
e definhe
e parta.
não morra, − parta.
parta num gesto
num desafeto sombrio
sem rastro.
não fujo.
contemplo um horizonte, estática,
febril;
disforme,
conforme anoitece
e os horizontes e todos os planos
fundem-se num misticismo sem igual
um céu, por menos estrelado que esteja,
parece distante
entre a fuligem e o sonho.
a utopia deve estar assim
entre a sujeira
e a concretização máxima
das abstrações oníricas.
nem meu sonho é concreto
nem meu real é fumaça:
quiméricos.
pudera eu ser verdade
tão verdadeiramente verdade
tão pura
tão límpida.
pudera ser tão longe
tão fugidia
tão arisca
tão felina
tão volátil
tão seca, tão líquida.
tão sede
tão fome
tão, então,
sendo tão
sem ser tão
?
iv. assassina
num lampejo, um amor saltava
de olhar
em olhar
olhar era a vaga
que se desmancha
beijando areia
de grão em grão
vaga que vagueia
a mão em concha
procura no mar
o gole que não dá.
[todos estes são rabiscos encontrados; são mosaicos de tempo-espaço-instante-amante que podem se desencontrar]