Caminhando a passos largos. De um lado uma parede estampada: "Odeie seu ódio". Nas paredes estruturais do parlamento: "verás que os filhos teu não foge da luta". A concordância ou discordância verbal era só um manifesto.
Hoje o EmFuga não veste preto mas está de luto. Luto por falta de concordância - entre a realidade e o bom senso. Verde e amarelo, temo que não. Co-lo-ri-do.
Ouviram do Ipiranga às margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante. - Imagine o quão grave foi esse brado, o quão grandioso era esse povo, retumbou! - ...conseguimos conquistar com braços fortes. - Em teu seio, ó liberdade, desafia o próprio peito a própria morte. Ó, pátria amada, idolatrada. Salve, salve. - gravíssimo, em tempos parece até "salve" um pedido de socorro. Engraçado como as pessoas cantam empolgadamente o hino como quem não sabe que está fazendo juras eternas de amores e fidelidades. Oferece a pátria a própria vida, "a própria morte."
...és belo, és forte, impávido colosso. Se o teu futuro espelha essa grandeza, (Mas ergues da justiça clava forte.Verás que o filho teu não foge à luta, nem teme quem te adora a própria morte,) terra adorada. Entre outras mil, és tu, Brasil, ó pátria amada. - Acontece que se o impávido colosso ruir, são braços fortes que o sustentarão. Dos filhos deste solo és mãe gentil...
E eu? Estou em estado de cólera, pátria amada, Brasil.
É quando se tem cinco inocentes anos e a poesia é rimar amor com calor, ama com chama, amor com calor, olho com espelho, ana com banana. E hoje minha insensibilidade só me limita a esdruxular com toda a poética métrica, com a simbologia do ABBA, AABB, ABAB. Usar as mesmas palavras: sol, lua, chuva, amor, calor, sorriso, abraço, beijo, menina, mulher, praia, areia, pequena. O verbo querer em todas as conjugações, número, tempo ou pessoa. A verdade é que eu odeio poesia.
As linhas
Parecem
Todas
Incompletas
Há vazio
Frio
Come,
Devora,
Esvazia
E o fim
É não ter fim.
O dia em que eu chorar lendo uma poesia é o dia que eu me renderei e arrependerei de tanto desgostar e as lágrimas estarão ali pra comprovar. Mas a graça das palavras estão no encaixar. Sem sujeito, nem predicado. Pleta-incom. Perdeu o sentido, e a meus olhos a graciosidade e ferocidade.
Que me perdoem os poetas, o classicismo e até a contemporaneidade, mas as linhas completas numerosas e cheias e aqui vos dizem só estão sendo sinceras. Falar de amor e não ter amor. Falar de abandono e não ser abandonado. A sensibilidade do poema é o inimigo da verdade.
Mas aí me engano, e o poema sabe.
O poema sabe que o silêncio é seu pior inimigo.
E silencia.
E se cala.
E se acalma.
E te desespera.
E o fim
É não ter fim.
Dedicado a um filósofo grego cujo nome é aumentativo de plato.